O ESQUECIMENTO E A MEMÓRIA.
Nossa infância hoje nos oprime mais com o Esquecimento do a Memória. Assim também será nossa velhice, nossa decrepitude…
Soterrada entre camadas de impressões, vivências e solidão pelo incomunicável, imponderável medo do deixamos para trás…
Porém, há uma memória que não se cala… Que nos desperta como uma melodia antiquíssima… Embora não mais a reconhecemos a letra, ela nunca nos abandonou… Jamais pereceu diante dos ruídos, das agruras e contendas do turbilhão da existência. Seu timbre e harmonia nos reconfortou ininterruptamente, nos momentos todos de pobreza, indigência e miséria, mesmo cercados de abastâncias, fartura e satisfações várias.
A esta memória imperecível em nós, chamo de abrigo real e profundo de toda infância: ali há um jardim idêntico e comum a todos que passam a buscá-lo, como um fio de Ariadne… Vivo, translúcido e pulsátil!
Assim, mesmo através das sucessivas mudanças, câmbios das estações, das décadas e das paisagens, somente em nós, a imútavel primavera nos convida para celebrar o desabrochar da criança que não esqueceu o seu primeiro amor, sua primeira flor, seu primeiro canto de gratidão às cores, aos perfumes e aos sons que tudo penetram e conectam infinitamente!
A criança e infância que há em mim, saúida a idêntica criança e infância que há em vós!